Como saber se está na hora do meu filho ir para o ensino fundamental? Muitos pais e mães me fazem essa pergunta, pois ao realizar visitas em escolas se confundem com a explicação de cada estabelecimento de ensino sobre qual turma a criança deve frequentar.
Isso porque no Estado do Paraná a legislação é discordante da legislação nacional e cada escola acaba tendo autonomia para manter ou não o nível 5 até o ano de 2020 (ano que todas as escolas precisarão se readequar).
A legislação atual
De acordo com a legislação estadual atual, seu filho poderá entrar no 1º ano do ensino fundamental completando 6 anos durante todo o ano (independente dele fazer aniversário em janeiro ou dezembro).
Já na legislação nacional a criança deve completar 6 anos até o dia 31 de março, a chamada “data de corte”. Porém essa discordância está em vigência até o ano de 2020, tendo em vista que segundo o Plano Estadual de Educação aprovado em dezembro de 2015 até 2020 todas as escolas precisam retomar o infantil 5. Porém se seu filho hoje está com 4 ou 5 anos você ainda irá passar por essa transição e possivelmente está com essa dúvida.
No entanto, mais importante do que uma legislação ou uma data de aniversário é importante pensar na criança. Vale fazer as seguintes perguntas para perceber se seu filho está preparado para essa nova fase:
Meu filho mostra-se seguro para encarar a nova fase?
Ele já pensa de forma não egocêntrica ou quer tudo para ele?
Possui raciocínio lógico? Por exemplo, ele compreende que 1 nota de R$5,00 equivale a 5 notas de R$1,00 ou prefere a maior quantidade?
É independente ou precisa de ajuda para realizar grande parte das atividades do dia a dia? Como ir ao banheiro, dormir sozinho, tomar banho, comer, etc.
Utiliza elementos voltados para a primeira infância como mamadeira, chupeta, naninha, etc. ?
Controla seus esfíncteres ao ponto de ter que aguardar para ir ao banheiro em horário determinado?
Os 4 aspectos do desenvolvimento
Pare e pense em seu filho dentro dos 4 aspectos:
Funcional: como o corpo dele funciona;
Emocional: como ele lida com suas emoções;
Cognitivo: como é sua relação com a aprendizagem;
Social: como ele lida com os amigos.
Muitas vezes a criança já apresenta grande curiosidade pelo mundo das letras e números mais ainda tem grande dificuldade no aspecto emocional como autonomia e empatia, no aspecto social ao relacionar-se com os colegas e mesmo no funcional como coordenação motora ou linguagem imatura.
A chegada do ensino fundamental é um grande marco na vida de uma criança. Muitos saem da escola de educação infantil, que tem um mundo a parte, lúdico e brincante e passam a frequentar escolas maiores, com mais regras e exigências. Ao forçar essa mudança sem que a criança esteja preparada é possível que surjam traumas ou vínculo negativo com a aprendizagem. Isso por que muitas vezes passa a se exigir mais do que a criança está preparada a enfrentar. Não porque ela não é capaz, mas porque ainda não amadureceu.
Muitas vezes exigia-se mais do que a criança é capaz. Dessa maneira o estudo passava a ser um sofrimento e não um prazer. Ao não conseguir realizar a tarefa solicitada a criança passa a não gostar de estudar. Passando então a criar uma relação com a aprendizagem desgastante e maçante.
Atitudes como ficar 3 ou 4 horas sentados em fileiras prestando atenção e realizando inúmeras atividades, menor tempo para brincar, excessivas lições de casa e rotinas mais cheias fazem com que um pequeno de 5 anos encontre barreiras no processo de aprendizagem.
Vínculo com a aprendizagem
É preciso apresentar para a criança que crescer é algo prazeroso sim! Mas no seu tempo e de acordo com sua capacidade. O sentimento de capacidade é fundamental para que o estímulo em aprender continue e dessa forma seja para toda a vida, independente da idade!
Esse ano na escola de educação infantil em que atuo (Peixinho Dourado) recebemos 3 crianças de outras escolas. Elas que não possuíam esse último ano de infantil apenas para ficar 1 ano conosco, o infantil 5. Um ano de amadurecimento, preparação e fortalecimento emocional. Acreditamos (escola e família) que estarão muito melhor preparados para a próxima etapa.
Parar e pensar sobre o que fazer e como fazer hoje pode ajudar lá na frente. Dessa forma é possível evitar desmotivação, ansiedades desnecessárias, reprovações e problemas de aprendizagem. Situações essas que muitas vezes nada tem a ver com a capacidade da criança. Mas sim com sua maturidade tanto cognitiva quanto emocional.
Autora: Marianna Canova, psicopedagoga.
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